A hora de falar com os pais – parte II

Os leitores nesta última semana trouxeram alguns cometários  sobre o post “A hora de falar com os pais” que mostram aceitação por parte de amigos, família, de inconformismo por parte destes ao saberem que ele é gay, e também momentos de discriminação.

Vou começar pelo relato do leitor Andy:

“eu sofri bullying por 12 anos, sendo chamado de gay, simplismente, por ter sido amigo de um, aquelas crianças eram estragadas, talvez influenciadas pelas outras, ou pelos pais.”

Isso retrata bem as coisas, os valores, como desde cedo nossas crianças, adolescentes são criados para discriminar, para não ver as diferenças e não respeitar. Muitos pais hoje já educam seus filhos com uma visão global de mundo, no qual eles tem que se integrar com as diferenças, há professores que tentam passar essa visão importante. Mas infelizmente, muitos país também trazem o preconceito, e já vão bombardeando os pequenos com idéias que gay não presta, se esquecem eles que seus filhos também podem ser um, e ai certamente estarão transformando a vida dele é um grande conflito.

É fundamental reformular as visões de mundo. Um mundo globalizado e composto por diferenças, e que devem ser respeitadas.

O leitor também comenta que não é tão importante se assumir. Eu também concordo, talvez falar com a família (pai e mãe) mas no meu caso nunca falei diretamente como havia falado no post anterior, com o tempo ele observam que você é diferente, que gosta de garotos. Eu não sou adepto do se assumir para o mundo, o importante é se assumir/se aceitar para você mesmo.

O leitor Luiggi, nos conta que:

” tomei uma grande descisão. Contei para amigos, não-amigos e até mesmo para meus professores a verdade. Claro que isso foi uma questão pessoal, eu fiz isso para provar a minha força.”

Porém ele não contou aos pais, por aquele motivo, deixar chegar a maioridade, mas também diz que não terá nenhum medo de falar que é gay para eles.

O leitor diz algo importante:

“Mas isso depende de cada um, da força que existe dentro de nós.”

Isso, o momento certo, o falar ou não, depende de cada um, do ser ou não prioridade isso, do modo com que o contar ou não afeta a vida e as relaçõs da pessoa. Então esse é um dos pontos chaves, o se sentir seguro, e se isso o fará bem ou não. Há pessoas que não tem problema algum em não contar, outras, ficam sofrendo pois gostariam que os outros soubessem e o encarassem normalmente, já que a discriminação é forte.

O leiotor Giuliano, nos traz uma frase que permeia muitas pessoas ao saberem que você é gay, e muitos a dizem:

“É melhor ser gay do que bandido, estuprador, ladrão..”

É o típico comentário cercado de preconceitos e de uma falta de visão de mundo, mostra que a pessoa é totalmente limitada, e que tem uma visão distorcida e anormal de quem é gay. É uma comparação infeliz, talvez isso ajude a muitos a não contarem que são gays por medo desses comentários.

Um ponto bem lembrado pelo leitor Felipe é o fato de que as vezes achamos que será doloroso, mas não será:

“Eu nao queria admitir pra mim de jeito nenhum, achava que se alguem descobrisse eu morreria.Ate que um dia (felizmente) um amigo meu pegou meu celular e viu uma mensagem do cara falando q me amava e tal.. dai tive que contar tudo pra ele.. e acabou q deu certo e a gente ainda eh muito amigo…”

Isso que ele falou é bem realidade, as vezes achamos que será problemático, não é em todos os casos que isso acontece com felicidade e tranquilidade. Mas deixo aqui um conselho, observem bem seus amigos, família, vejam como eles se comportam com o tema, observem os comentários deles, vejam qual o amor que seus familiares tem por você. As vezes eles encarram realmente tranquilamente, ou até mesmo você não precisa contar e eles já sacam tudo e o tratam também com a mesma normalidade.

Um leitor também comentou que quando contou, a mãe chorou, se recusou a acreditar. E que o pai até hoje não comenta.

“Eu sou um gay mais óbvio, e mesmo assim minha mãe sempre se negou a ver o que era explícito e eu (egoísta que sou) nunca me incomodei em verbalizar, mas um dia ela me perguntou diretamente, eu falei que sim era gay.
Cena dramática, ela chorou, falou que se era isso que eu queria pra vida bla bla bla bla bla bla bla bla…, e enfatizou para eu não me “aviadar demais”, meu pai sempre soube mas nunca falou, porém sempre fomos distantes nas relações pessoais.”

Tem a questão, o se aviadar, os pais, quando pensam na imagem do gay, lembram aqueles esteriótipos ou caricaturas televisivas, isso que ajuda a dificultar a relação do contar ou não. Também é ajudado pelo comportamento que parte do meio tenta passar, de afronta social, por valores fúteis, e onde gay só é sexo. O que realmente não é.

Também o leitor Junior mencionou algo que falamos antes:

“Como tenho duas tias do meio, mas mesmo assim o meu pai é muito ignorante e machista não aceitando de maneira alguma este tipo de coisa, minha família fora ele aceita numa boa, meus avós não dizem nda e todo o resto não se importa com isto, apesar de eu achar que todos fossem virar as costas para mim a reação no início foi de choque, porém depois de quase quatro anos tudo esta calmo.”

O encontrar alguém em que você tem mais afinidade na família ajuda a contar ou estabelecer uma ponte com os demais. Quem sabe uma prima, um irmão, uma tia, e talvez a propria mãe, não sejam o caminho, estas últimas por terem o instinto materno sempre sabem o que seus filhos são, suas tendências e formas de ser.

Porém isso não é uma formula feita, pois tenho um amigo que a mãe jamais aceitou que ele é gay, mas o pai aceita muito bem, inclusive sai com o filho e o namorado do filho para teatros, restaurantes, praia, e os tem como grandes amigos.

São questões como essa que se somam nesse quebra cabeça, não tendo uma formula única para o contar que é gay, então essa resposta não é uniforme, cada um terá que observar (lembrem bem desta palavra), os meios onde vivem, os comportamentos, a forma com que as pessoas lidam com os temas, e certamente com você e dai, verificar o que é melhor, contar ou não. Se isso não lhe incomoda, não precisa contar, se lhe traz um pesoa talvez o contar seja uma solução. Mas lembrando, nem todo mundo pensa igual, e infelizmente todos nos tempos preconceitos, as vezes também não estamos preparados para saber as coisas.

O conselho é: muita calma, paciência e mesmo ansiedade. Tudo tem seu tempo, o importante é você se aceitar

Espero que tenha ajudado. E agora deixo com vocês, seus comentários e conclusões são importantes.

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17 respostas para “A hora de falar com os pais – parte II”

  1. muito bom! gostei de todos seus textos. uma coisa que vc disse, que acho muito bom ser comentado em textos como esse: “o importante é você se aceitar”. um texto que li hoje, que achei interessante. nao é sobre se assumir, mas homofobia em geral http://odireitoadiferenca.blogspot.com/2009/09/homossexualidade-ou-homofobia-onde-esta.html um texto desse ajuda na hora de contar para os pais, pois vc adquire argumentos, que podem ate mudar a visao de qualquer pessoa!

    1. Oliver, esse é o ponto chave o se aceitar, se nos aceitamos somos felizes, isso que vale.
      Boa sua colocação.
      Abraços e continue a participar.

  2. É isso mesmo, não existe fórmula pronta, cada pessoa vai vivenciar a experiência de se assumir e como vai vicer sua homossexualidade de uma maneira particular.

    Respeitar a diferença é fundamental e tentar entender o outro (por mai divergente que este seja) é um exercício que faz bem a que pratica e a todos em geral.

    “Só o amor conhece a verdade” Adaptação de letra de R.Russo.

  3. Para mim o importante é a pessoa se aceitar, pq o preconceito que a gente cultiva dentro da gente é a pior parte de superar . Já na questão dos pais, temos que entender que é dificil para eles tanto ou até mais que para nós . Eles serão apontados na rua … OLha la o pai do viadinho , e outros comentarios infelizes. Nenhum pai cria um filho pensando que ele vai ser homossexual por mais que isso esteja explicito em trejeitos.

    E quanto aos amigos a coisa não via por esse caminho do ” se for meu amigo mesmo vai aceitar” … As vezes a gente não aceita coisas simples pequenas diferenças com amigos .. Eu tenho amigos que aceitariam numa boa e amigos que virariam as costas para mim
    Não pq nunca fomos amigos de verdade mais pq as pessoas tem varios principios por mais podres que sejam e também pelo que os outros vaõ pensar se me ver com eles

    Nunca passou pela minha cabeça contar nada para meus pais,para alguns amigos já, mais nunca contei e nesse momento não pretendo contar. Eu me aceitando já basta !!! A minha sexualidade e´problema meu !!!

  4. Uma coisa que esqueci de certa forma para os pais quando o filho se assume como gay siginifica que de algum modo eles erraram na criação e educação da criança, quando e´totalmente o contrario ,, Mas nenhum ser humano gosta de pensar que errou ainda mais que errou com seu filho. E o processo para superar e esclarecer as coisas e demorado por isso devemos dar um tempo para os pais digerir a; situação e não ir pelo metodo do : ME ENGULA A FORÇA !!!

    1. Boa resposta ZachSantos
      O tempo é a melhor formula, cada caso é um caso como você mencionou no comentário anterior. E sobre os amigos, gostei bastante dos eu ponto de vista, sobre as diferenças que cada um não tem ainda a percepção de aceitar a diferença do outro.
      Vlw pelos comentários, continue a participar.
      Abraços

  5. Sou novo aqui mas li a maior parte dos seus posts e concordo praticamente com todos… sua visão acerca da sociedade e o relacionamento da mesma com o meio homo possui argumentos válidos e muito bem fundamentados…
    Eu, por exemplo, tenho 19 anos, trabalho e faço faculdade… sempre observo muito as pessoas e seus comportamentos em geral, o que pensam, o que dizem e suas reações e, cheguei a conclusão que a sociedade está, finalmente, desconsiderando a homossexualidade como uma anomalia ou doença associada à saúde do indivíduo que se assuma homossexual, porém, acredito eu que, a mesma sociedade ainda trás um paradigma carregado de falsas morais acerca do tema porque, sendo natural do instinto humano assegurar a sobrevivência da espécie e essa, só pode ser feita no concílio homem/mulher, acaba por medo, achando que nosso futuro(espécie humana), está ameaçado, o que no meu ponto de vista é ridículo pois, já foi comprovado cientificamente que desde os primórdios o ser humano possui práticas homoafetivas e nem por isso deixamos de existir…
    Na minha opnião a sociedade tem coisas muito mais relevantes para se preocupar do que a diversidade sexual… deveriam dar mais atenção a educação(base para o desenvolvimento), a saúde, ao desemprego, a violência e todas as mazelas que não emporta quem, hétero ou homo, sofre da mesma maneira.
    Eu sou homossexual sim, mas isso é um mero detalhe de quem sou, eu dou muito mais importância ao fato de eu ter caráter!!!
    Obs.: continue com a qualidade que tenho visto até agora em seus posts, nosso mundo está com falta de pessoas que, assim como você, dão importância ao que realmente importa!!!

    1. Você falou muito bem, existem coisas mais importantes do que ficar com preconceito. também concordo plenamente. Educação deveria ser a coisa que mais o mundo deveria se preocupar ela é a base para tudo na vida, desde as atividades sociais as economicas.
      E carater é primordial!
      Continue a comentar e vlw ai pelo elogio aos posts.
      Vou tentar trazer novidades em breve.

    2. “Eu sou homossexual sim, mas isso é um mero detalhe de quem sou, eu dou muito mais importância ao fato de eu ter caráter!!!” Eu penso extamente assim Danny! Sou gay, assim como sou estudante, assim como sou estudioso, assim como sou Brasileiro, assim como sou um cara gente boa, assim como sou da paz… enfim, sou ser humano antes de tudo.

  6. No meu ponto de vista, a opção sexual não deve ser contada ou dita aos pais ou amigos, eu acho que tem que deixar as coisas acontecerem, hetero nehum sai por ai se afirmando hetero, porque então tenho que falar para todo mundo que sou gay. sei que em alguns casos fica evidente a homossexualidade o que torna as vezes mais evidente, agora vejam bem não escondo minha opção só não saio por ai divulgando, até mesmo pelo preconceito

    1. Isso aeh. concordo com você, acho que a vida particular não deve ser contada mesmo não.
      Com o tempo as pessoas descobrem as diferenças.
      Abraçosss

    2. Eu concordo tb.. eu nunca divulgo tb.. qndo acontece de alguem fazer uma pergunta do tipo “pq vc nao fica com nenhuma mina q t da bola” dai eu falo.

  7. Espero que gurias adolescentes bissexuais também sejam aceitas aqui…

    Mas todo caso, eu também acredito que não haja necessidade de contar para todos se eu sou bi. É melhor deixar que percebam ou apresentar a pessoa só quando um namoro ficar sério…
    Um motivo, admito, é o medo. Minha avó mesma já comentou (se foi alguma indireta eu não sei…) que não gostaria de ver uma filha ou neta com outra mulher.
    Mas com ou sem medo, a vida é minha. Nós não escolhemos a quem vamos amar.

  8. Adorei seu Blog, me indicaram ele a algumas semanas, tenho 16 anos e foi daqui que arrumei força para “sair dos armario”, na verdade não sai do armario só uma amiga que sabe, mas se meus pais ou alguem chegar em mim e perguntar vou falar, decidi não ficar escondendo, até porque se meus pais ou amigos ficarem sabendo pela boca dos outros as coisas ficariam pior (o povo almenta mas não inventa).
    Parabéns pelo blog

    1. Bacana!
      Muito bom saber que estamos dando força em vários assuntos.
      Valeu pela confiança.
      Se quiser contar algo também, fazemos um post para todos debaterem aqui.
      Agradeça por nós a pessoa que te indicou o blog.
      Um abraço e parabéns!

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